segunda-feira, 16 de abril de 2007

reflexos de prata

Silber Spiegel

atalp disse...

"...La maison est pour ainsi dire un contre-univers ou un univers du contre."

Sempre se pode determinar o maior ou menor espaço que delimita o canto habitável e a maior ou menor folga que define a propriedade ou o empréstimo.
De vez em quando, o momento vem de justapor a essa desocupação uma implantação radical, isto é, de fazer coincidir o exercício tranquilo da disciplina com a fervorosa inquietação disseminada-a nitidez crua com a dissolvência tépida.
A poesia é um contra universo que empequena o exterior para o conter, transformando a dissolvência do horizonte em nitidez de proximidade e de apoio.

15 de Abril de 2007


Caro Atalp

Sem dúvida o seu comentário foi o melhor que recebi neste humilde recanto, até à data.
Por isso achei por bem realçá-lo, e tomá-lo como mote para, não um poema, mas um novo Post e assim torná-lo mais visível a quem passe por este recanto.

Suponho ser a citação inicial de Simone de Beauvoir, isto por pesquisa que fiz na Net, pois não conheço a Obra dessa escritora, conheço algo da sua Vida e Filosofia, como cultura geral apenas.

Quanto à Casa de cada um, que como é evidente, pode ser a Casa física, mas em sentido mais lato poderá ser uma Casa “mental”, ou seja, por exemplo, uma prosa, um poema, um livro, qualquer obra noutro campo artístico e aqui no ambiente onde nos encontramos, um Blog.

E é essa Casa que o meu caro Comentarista refere, onde podemos, neste caso, posso eu tê-la mais ou menos ocupada não só devido à extensão de um Post ou uma tentativa poética, que poemas outras coisas serão e não me arrogo, como anteriormente me foi apontado por outro amigo algo freudiano, qualquer comparação com Goethe ou sequer com Poetas bem menores.

No entanto também a Casa pode estar pouco ocupada fisicamente, mas devido à densidade da matéria exposta, essa baixa ocupação em volume seja compensada com a densidade do assunto, ou seja, uma alta quantidade de informação pode transmitida em poucas palavras.
Isto, pois em Teoria da Informação também se define uma densidade da mesma.

Resumindo: pode dizer-se muito em poucas palavras ou nada dizer escrevendo várias páginas.

Também a propriedade da Casa (desta ou outras) nunca será apenas de quem se diz seu proprietário, pois muitas vezes o mobiliário é emprestado, dada a recorrência a palavras, obras ou ideias de outros Autores. Aliás ninguém pode ser totalmente original. As ideias de cada um provêm do caldo cultural em que esteve banhado desde que nasceu até à hora presente.

Creio ser esse o empréstimo a que se refere, mas caso eu não tenha integrado a sua ideia, terei o maior gosto em que me esclareça.

Quando utiliza a expressão “justapôr a essa desocupação” eu creio que pretende mesmo dizer “preencher essa desocupação”… tanto mais que nada se pode justapôr a um espaço vazio. A justaposição pressupõe que algo material esteja “posicionado” algures para outra entidade ontológica se lhe poder encostar (justapôr).

Chegamos então ao cerne ou conclusão do seu comentário – a poesia como um concentrador ou redutor do universo exterior, permitindo que este, diluído ou como diz , “dissolvido” e desfocado na distância do horizonte, se torne visível na nitidez do poema que o pretende “empequenar” – eu diria “concentrar” ou "focar", permitindo assim observá-lo com uma nitidez e uma proximidade que transmite apoio e segurança ao “poeta”, o qual precisamente tentou fazer o poema por necessidade desse apoio e segurança.

Caro Atalp, um comentário como este seu, vale por muitos milhares de posts principais em milhares de blogs que por aí proliferam. Ou seja… é um comentário de… mais que Prata, Ouro!

Creio que com esta resposta consegui estabelecer uma magnífica Plataforma de Reflexão consigo.

Volte quando lhe apetecer reflectir... ou apenas opinar.
Quem sabe se um dia não se publicará um livro de título "Reflexões entre Dois Reflexos" ?
:)

2 comentários:

Anónimo disse...

Vocês tiraram o curso de filosofia na Independente, tá visto...
:)

Anónimo disse...

ominina Ominona...

donde lhe vem essa suposição ominosa?